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Faces da Publicidade: a simulação inversa como estratégia publicitária da Tribord

A coluna Faces da Publicidade vem, hoje, mostrar uma estratégia que talvez possa ser considerada perversa por alguns, embora seja vista por muitos como extremamente funcional. Trata-se da simulação inversa, uma forma de evidenciar os benefícios de determinado produto ou serviço ao público através de uma exposição de como a falta daquele produto ou serviço pode impactar negativamente o consumidor. Esta estratégia é considerada oposta à simulação direta, aquela com a qual estamos mais acostumados - quando, por exemplo, uma propaganda de uma marca de refrigerante mostra pessoas ingerindo a bebida de forma a evidenciar os benefícios de terem adquirido o produto.

Com base em estatísticas da empresa de pesquisas IFOP para a organização de resgate marítimo Les Sauveteurs de Mer sobre os motivos de as pessoas não vestirem coletes salva-vidas (48% por desconforto, 42% por hábito e 37% por falta de utilidade), a empresa francesa de esportes aquáticos Tribord criou uma campanha diferenciada para apresentar seu novo colete salva-vidas Izeber 50, que conta com opções de design, é à prova de vento, leve, quente e flexível.

Segundo pesquisas realizadas pela instituição canadense SNPN, oito em cada dez casos de afogamento poderiam ter sido evitados se a vítima estivesse vestindo um colete salva-vidas. E foi a partir disso que surgiu a ideia da agência publicitária Rosa Park de investir em uma simulação inversa. A propaganda mostra uma degustação gratuita de uma nova bebida chamada Wave, rotulada como “pior bebida do mundo” e com a seguinte mensagem em sua embalagem: “faça desta sua útlima sensação de afogamento”.

A bebida - composta 100% de água do mar - é entregue a pessoas que passam pelo local, que a rejeitam instantaneamente e, com auxílio da propaganda do colete Izeber 50 presente na própria embalagem da bebida, têm o valor da segurança marítima reforçado em suas mentes. A estratégia é semelhante à de uma recente campanha de conscientização do uso do cinto de segurança desenvolvida pela ARTESP - Agência de Transporte do Estado de São Paulo - e realizada em mais de 20 municípios de SP como parte do movimento Maio Amarelo, contando com um simulador de impacto de acidente de trânsito a 5km/h para conscientizar as pessoas dos malefícios do não uso do cinto de segurança.

Por mais aterrorizante, imponente e/ou inescrupulosa que possa parecer, a simulação inversa cumpre bem com seu objetivo de transmitir mensagens - talvez seja até mais eficiente que a simulação direta -, utilizando-se da exposição dos aspectos negativos da não realização ou não aquisição de algo e, com isso, atingindo o público pelo medo e/ou pela necessidade, e não pelo desejo. Contudo, para que seja eficaz, é importante que sua utilização esteja sempre aplicada a uma questão de interesse geral, como segurança, consciência ambiental, educação, paz, respeito, entre outras, e não somente a um produto ou serviço.

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